Formado em Direito: O Que Fazer Após a Graduação?

O curso de Direito no Brasil tem duração de 5 (cinco) anos. Ao concluir a graduação, o discente recebe o título de formado em Direito, também chamado de bacharel. Nesse momento, muitos estudantes se sentem inseguros e indecisos sobre o caminho a seguir, como, por exemplo, advogar ou prestar concursos públicos.
O mercado jurídico no Brasil é vasto e com isso não se limita somente as áreas tradicionais como: direito penal, direito civil, direito trabalhista, direito tributário, dentre outras, pois a cada dia surgem novas áreas.
Outro ponto, é que o curso de Direito é um dos mais antigos na sociedade; o que acaba se tornando bem competitivo e desafiador para os que militam na área, e ainda para aqueles que pretendem seguir neste ramo.
A área jurídica exige que os profissionais sejam qualificados, e grandes empresas inclui treinamentos aos seus colaboradores, com a finalidade de que seus funcionários estejam aptos ao cargo, e assim a empresa e o funcionário estejam sempre à frente dos concorrentes. I
Inclusive muitas empresas como grandes escritórios de advocacia exigem que o recém-formado faça uma especialização para ingressar no mercado de trabalho.
Principais desafios para recém-formados
Os desafios para quem está formado em Direito são diversos. Além do conhecimento teórico adquirido na graduação, é necessário dominar ferramentas tecnológicas essenciais na prática jurídica atual.
Durante o curso, é fundamental realizar estágios, preferencialmente a partir do 7º semestre, no NPJ da instituição de ensino, quando já é possível solicitar a carteira de estagiário da OAB e atuar, sob supervisão, em atividades práticas como atendimento, elaboração de petições e solicitação de documentos.
Também é comum estagiar externamente em escritórios, bancos, ONGs, defensorias públicas ou Ministérios Públicos, o que permite aplicar a teoria na prática desde cedo.
Advocacia como carreira: o que você precisa saber?
O estudante que pretende seguir futuramente o caminho da advocacia, deve concluir primeiramente a graduação. Após finalizar a graduação, poderá prestar o exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), sendo que tal prova é composta de 02 (duas) fases.
A 1ª trata de 80 (oitenta) questões de múltipla escolha que envolve todo o conteúdo abordado na graduação, já a 2ª é dissertativa composta de uma peça prática profissional e 04 questões dissertativas, que o estudante escolhe no ato da inscrição da matrícula, conforme o edital da banca examinadora da OAB.
As disciplinas que compõe a 2ª fase são: direito penal, direito civil, direito empresarial, direito trabalhista, direito administrativo e direito constitucional.
O discente aprovado na 1ª fase será submetido ao exame da 2ª fase e aprovado em ambas, poderá requerer a carteira da OAB da seccional de sua cidade, sendo que ao receber a carteira, o graduado deverá prestar o juramento de solenidade na sede da OAB ou órgão equivalente de sua cidade.
Aos alunos que não foram aprovados no exame da OAB, poderão futuramente prestar novamente, pois não há limite, e os exames ocorrerem 03 (três) vezes ao ano.
Alternativas Para Quem Não Quer Advogar
É importante ressaltar, que para àqueles que não querem advogar, há alternativas que iremos abordar nos próximos itens.
- Compliance, Jurídico Empresarial e Consultoria:
Para os estudantes que não querem advogar, mas pretendem trabalhar com compliance ou jurídico empresarial, ou consultoria, deverá ter formação necessária superior nas seguintes áreas: Direito, Administração de Empresas, Contabilidade e Economia.
Quanto ao compliance, é importante que o aluno invista em cursos específicos na área após a graduação, desenvolvendo experiência, habilidades técnicas e comportamentais, além de construir um bom networking, ser resiliente, lidar com pressão e ter capacidade de resolver problemas.
No jurídico empresarial, o estudante deverá dominar o mercado financeiro, conhecer a legislação referente ao assunto, ter conhecimento sobre outros idiomas, principalmente o inglês considerado a língua universal, pois muitos documentos além de serem escritos na língua portuguesa, o estudante deverá redigi-lo em inglês ou até em outro idioma, a depender da empresa que irá trabalhar.
No que tange à consultoria, o estudante que pretende trabalhar neste segmento deverá considerar os custos que envolvem a atividade, como: contratações de novos colaboradores, compra de materiais, analisar os preços que demandam o investimento, fazer o diagnóstico, mapeamento dos riscos e a legislação vigente que tratam do tema, implementar programas e políticas de compliance, monitoramento e realizar auditoria interna na empresa com vistas a evitar problemas futuros.
- Carreira acadêmica e pós-graduações recomendadas.
Quem deseja seguir a carreira acadêmica precisa cursar uma pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) para ministrar aulas em faculdades e universidades, seja na graduação, cursos preparatórios ou pós-graduação.
O ingresso nesses programas exige aprovação em processo seletivo específico. O mestrado tem duração média de dois a três anos e exige a defesa de dissertação. O doutorado, por sua vez, leva de três a cinco anos e exige a apresentação de uma tese.
As especializações lato sensu são voltadas à prática profissional e duram de um a dois anos. Entre as mais recomendadas para quem é formado em Direito estão: Compliance, Direito Processual Civil, Público, Tributário, Digital, Previdenciário, do Consumidor, de Família e Sucessões, Trabalhista, Imobiliário, Empresarial e Contratual.
- Empreendedorismo jurídico: desafios e oportunidades
Para quem deseja empreender no Direito, é essencial, além da graduação e aprovação no Exame da OAB, estar preparado para lidar com inovações tecnológicas.
O aumento da competitividade no mercado jurídico impulsionou o uso de ferramentas digitais que otimizam rotinas, como softwares de gestão de processos e o uso da inteligência artificial.
Além disso, é importante fazer marketing jurídico estratégico e investir em networking, o que ajuda na construção de parcerias e na ampliação da base de clientes. Também é fundamental que o formado em Direito busque capacitação contínua em gestão, marketing pessoal e tecnologias aplicadas ao Direito.
Quais são as áreas do Direito Mais Promissoras?
As áreas do Direito mais promissoras na atualidade são: Advocacia Empresarial, Advocacia Digital, Advocacia no Contencioso Cível, Compliance, Direito Eleitoral, Direito do Consumidor, Direito Previdenciário, entre outras, mas claro que independente da área que o aluno escolher deverá estudar constantemente.
Portanto, todos os ramos do Direito são importantes, e a cada dia surgem novas áreas, pois a sociedade muda constantemente, bem como surgem novos posicionamentos dos tribunais, e com isso requer que o futuro advogado se atualize constantemente.
Carreiras Públicas para Formados em Direito
Há estudantes que preferem seguir a carreira no setor público. Para isso são necessárias a realização de provas de cunho técnico e de títulos para as carreiras mais promissoras dentro da área jurídica, como: Magistratura, Ministério Público, Delegado de Polícia, Defensoria Pública, Advocacia Geral da União e outros, e claro serem aprovados.
Ademais, muitos bacharéis em Direito sonham em serem aprovados em concursos públicos, por conta do salário que tem boa remuneração e estabilidade no emprego.
Carreiras para Magistratura, Promotor de Justiça, Delegado de Polícia e Oficial de Justiça.
Os concursos públicos são muito concorridos, o que requer tempo de preparo do candidato, calma ao realizar a prova, entre outros; sendo que os mais bem colocados serão chamados a tomar posse para o cargo.
Os concursos para a carreira de Magistratura, Promotor de Justiça, por exemplos, exigem o diploma de Bacharel em Direito, a prática jurídica mínima de 03 (três) anos, conforme o art. 93, inciso I, da Constituição Federal (redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004) e aprovação no concurso público de provas e títulos.
Salienta-se que o concurso de Delegado de Polícia Civil também exige que o candidato seja Bacharel em Direito e a prática jurídica ou atividade policial mínima de 03 (três) anos e aprovação no concurso público de provas e títulos, conforme o art. 20 da Lei nº 14.735/2023.
Outro ponto é o concurso de Oficial de Justiça, pois geralmente exige o nível médio para realizar a prova e não exige título.
Por isso, muitos candidatos que não têm os 03 (três) anos de atividade jurídica ou não possuem o curso superior completo acabam prestando o concurso, pois o salário é rentável e serve de preparação para os próximos concursos públicos, porque utilizam este cargo como preparação para prestar os próximos concursos que exigem formação superior.
Quanto Ganha um Profissional Formado em Direito?
Os valores salariais de um profissional formado em Direito variam de acordo com a experiência, localização de trabalho, especialização, área de trabalho, por exemplos, direito civil, penal etc. e tipo de empregador (se trata de pequena ou grande empresa, por exemplos, ou ainda se vai trabalhar em escritórios de advocacia, organizações não governamentais) entre outros.
Diferenças entre advocacia, concursos e setor privado
Importante ressaltar que há diferenças entre advocacia, concursos e setor privado.
A advocacia privada defende os clientes de forma particular, sendo que a remuneração não é certa, pois vai depender do tipo de ação e com base nos honorários advocatícios; embora a OAB de cada estado estipula uma tabela que serve de parâmetros aos advogados, porque não há um teto certo de ganhos, justamente pelo fato que vai depender do tipo de ação e da expertise do profissional, o que não há estabilidade no serviço, mas mesmo assim requer que o profissional estude continuamente para ser bem sucedido e podendo atuar em várias áreas.
No quesito dos concursos públicos, o advogado que for aprovado vai defender interesses públicos, sendo a remuneração baseada em vencimentos e subsídios, tendo estabilidade no setor público, sendo que para ser aprovado requer estudo contínuo e aprovação que geralmente é a longo prazo, pois a competição é acirrada e a atuação é mais restrita.
Quanto àqueles que pretendem atuar no setor privado em escritórios de advocacia, empresas, financeiras, bancos particulares, instituições de ensino particulares e outras, sendo que o profissional pode trabalhar como prestador de serviços ou ser contratado via CLT ou ainda ser associado em algum escritório de advocacia, por exemplos.
No setor privado o profissional pode advogar, oferecer consultoria jurídica, orientar clientes, realizar contratos, realizar pesquisas jurídicas, representar clientes em situação de arbitragem, participar em negociações, por exemplos, mas devendo comunicação assertiva, compreender a negociação e ser criativo.
Está formado em Direito: O Que Fazer Agora?
Após anos na graduação, a primeira coisa que o graduado deve fazer é entender o mercado de trabalho referente ao seu curso. Após isto, pesquisar as tendências, as oportunidades disponíveis e desenvolver novas habilidades que possam agregar em sua formação, bem como estar disposto a trocar informações com os profissionais mais experientes, justamente pelo motivo de que estes poderão oferecer dicas para ingressar no mercado de trabalho ou indicar para trabalhos em programas de trainee, vagas para assistentes, trabalhos temporários e com isso enriquecer o currículo e ampliar os contatos profissionais.